A libra esterlina enfrentará um intenso escrutínio nos próximos dias, com a divulgação de dados sobre o mercado de trabalho, inflação, PIB e vendas no varejo, todos eles influenciando as decisões do Banco da Inglaterra (BOE) em relação às futuras medidas de política monetária. Esses fatores também terão impacto nas posições da libra no mercado internacional de moedas. Quando combinados com o relatório crucial sobre a inflação dos EUA, é praticamente garantida uma tempestade para o GBP/USD.

Desde o início de 2024, os mercados estão reavaliando ativamente suas opiniões sobre o destino das taxas de juros do banco central. Esse processo está se desenvolvendo mais rapidamente no Reino Unido do que em qualquer outro lugar. Enquanto os mercados de derivativos previam uma redução de 150 pontos-base na taxa repo nos próximos 12 meses no final de dezembro, as expectativas atuais são de uma redução mais modesta de 75 pontos-base, levando-a para 4,5%. O cronograma para o início da expansão monetária do Banco da Inglaterra mudou para agosto, o que está dando suporte à libra.

Dinâmica prevista da escala de expansão monetária do Banco da Inglaterra

A mudança nas preferências do mercado em relação a um ritmo mais lento de flexibilização da política monetária do BoE transformou a libra em uma das favoritas no mercado Forex. Sim, ela está cedendo terreno para o robusto dólar norte-americano devido à força da economia dos EUA. Entretanto, em relação a outras moedas do G10, a libra está dominando. Ela se fortaleceu em 1,5% em relação ao euro desde o início do ano e em 5,4% em relação ao iene japonês. Como resultado, a taxa de câmbio ponderada pelo comércio da libra subiu para seu nível mais alto desde maio de 2022.

O suporte para os "touros" do GBP/USD veio do aumento inesperado da inflação em dezembro, da previsão do Banco da Inglaterra de que os preços ao consumidor podem acelerar depois de se aproximarem de 2%, e dos dois membros do MPC que votaram a favor de um aumento da taxa de recompra em fevereiro. Catherine Mann acredita que as condições financeiras enfraqueceram demais, representando uma ameaça de um novo pico de inflação em meio a um mercado de trabalho restrito e ao aumento da renda real. Jonathan Haskell exige mais evidências de redução do IPC em relação à meta para mudar sua visão "hawkish".

Dinâmica das moedas do G10 em 2024

Assim, as posições da libra esterlina parecem sólidas, mas nem todos concordam com isso. O Societe Generale, por exemplo, acredita que a economia do Reino Unido decepcionará, levando a uma expansão monetária do BoE mais extensa do que a esperada pelos mercados e contribuindo para um declínio nas cotações do GBP/USD.

No entanto, os especialistas da Bloomberg preveem uma nova aceleração da inflação subjacente no Reino Unido em janeiro, de 5,1% para 5,2%, e dos preços ao consumidor, de 4% para 4,2%. Isso ocorre em contraste com a desaceleração do IPC nos Estados Unidos, o que pode permitir que os otimistas do GBP/USD recuperem-se das perdas causadas pela situação do mercado de trabalho nos EUA.

Do ponto de vista técnico, no gráfico diário do par em análise, observa-se uma tentativa dos compradores de retornar à faixa de valor justo de 1,264-1,276. Se bem-sucedida, há um aumento do risco de transformar o padrão "Splash and Shelf", baseado em 1-2-3, em um padrão de "Falsa Ruptura". A quebra da resistência em 1,2685 pode ser vista como um sinal para comprar GBP/USD. Por outro lado, a incapacidade da libra de se manter acima de US$ 1,264 pode ser interpretada como um sinal de venda.