A mudança de postura do Fed para uma abordagem mais dovish em dezembro aumentou as perspectivas de queda do dólar em 2024. No entanto, a robustez da economia dos EUA pode limitar essa queda.

O declínio de 2% do dólar no ano passado marcou sua primeira queda anual desde 2020. Isso ocorreu após o presidente do Fed, Jerome Powell, anunciar o fim de uma política monetária restritiva, impulsionado pela redução da inflação.

Dado o papel fundamental do dólar nas finanças globais, seus movimentos têm amplo impacto. Por exemplo, a fraqueza do dólar, sem dúvida, torna as exportações dos EUA mais competitivas no exterior e aumenta os lucros das empresas multinacionais, facilitando a conversão de seus lucros estrangeiros em dólares. De acordo com a FactSet, cerca de um quarto das empresas do índice S&P 500 geram mais de 50% de suas receitas fora dos Estados Unidos.

Uma pesquisa da Reuters também sugere que o dólar pode diminuir em relação às moedas do G10 em 2024, com a maior parte desse declínio previsto para o segundo semestre do ano. No entanto, essa previsão depende do desempenho da economia dos EUA em comparação com outras economias globais, bem como da velocidade com que os bancos centrais ajustam suas políticas monetárias. Até o momento, essas dinâmicas têm sido variadas.

Na zona do euro, os relatórios indicaram uma intensificação da desaceleração da atividade comercial, sinalizando uma possível recessão. Apesar disso, o BCE manifestou-se contra a redução das taxas, mantendo o foco no combate à inflação.

Na Ásia, principalmente na Índia e na China, o rápido crescimento econômico pode aumentar a demanda por matérias-primas, beneficiando as moedas de commodities, como o dólar australiano, neozelandês e canadense. Relatórios da mídia estatal chinesa sugeriram que o governo planeja intensificar os ajustes de políticas para apoiar a recuperação econômica em 2024.

A previsão mais provável é uma desaceleração do crescimento econômico nos EUA e um aumento do crescimento econômico na China neste novo ano. As projeções do Fundo Monetário Internacional indicam um crescimento de 1,5% nos EUA e 4,2% na China, enquanto a zona do euro deve crescer 1,2%.

A trajetória do dólar pode depender de quanto o Fed reduzirá as taxas de juros e de quanto a inflação diminuirá. Os investidores veem um corte na taxa de mais de 150 pontos base, cerca de duas vezes mais do que o planejado pelo Fed. Se a inflação parar e não continuar a diminuir, o Fed terá que se conter, o que será um evento de alta para o dólar.